sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Se é gospel pode!



Acordei esta manhã e fiz minha prece gospel, liguei o som e botei um cd de punk-rock gospel enquanto colocava minha vestimenta gospel. Então saí para dar um rolê gospel.


Na banca de jornal comprei uma revista de games gospel e outra de fofocas gospel, e fui lendo enquanto viajava de ônibus até o centro da cidade, onde teria uma "parada" gospel com uns amigos skatistas. Parei de ler quando reparei em uma mina gospel, muito gatinha, de piercing gospel, calça e mini-blusa gospel. Comecei ali mesmo no buzão uma paquera gospel e perguntei à brotinha gospel se queria ficar comigo. Ela, como "ficante" gospel topou. Convidei-a então para tomarmos um drink gospel em um barzinho gospel super badalado que conheço.

Depois fomos a um cinema gospel, onde no escurinho podia então dar uns amassos gospel nela. Mão gospel boba pra cá, mão gospel boba pra lá, estávamos a mil. Então depois do cine resolvemos ir até uma balada gospel descarregar nossa adrenalina toda em uma danceteria gospel.

Yeah! Demais!

Escureceu e não deixei ela ir pra casa. Convenci ela que sendo eu um cara gospel, não iria só "ficar" com ela, mas que logo-logo assumiria um namoro gospel. E com base nessa promessa a convenci a esticarmos nosso programa gospel, levando-a até um hotel gospel onde fizemos um amorzinho gospel.


Acompanhei ela depois até em casa, e ela me convidou para entrar. Conheci seus pais, crentes liberais, não muito gospel, mas gente-fina! Subimos até o seu quarto pois ela queria me mostrar seu cantinho gospel. Notei nas paredes pôsteres de seus artistas gospel preferidos e ela mostrou-me sua coleção de cds de reggae gospel, rap gospel e música eletrônica gospel. Enquanto ela foi até o banheiro, dei uma lida em seu diário gospel e vi que ela registrava todas as suas aventuras gospel com os carinhas gospel que conhecia. Fiquei imaginando que o meu nome e o que eu fizesse, preencheria as próximas páginas daquele caderno gospel.


Ficamos conversando até tarde e ela convidou-me a dormir na casa dela. Liguei pra minha mãe para avisar e ela embaçou na minha, porque não é gospel, é crente caretona. Gastei saliva para conseguir sua aprovação, garantindo que a noite seria completamente gospel e tranquilizei-a .

Trancamos a porta do quarto, acendemos um baseado gospel, curtimos uma viagem gospel em nossos delírios e depois fomos dormir, ela de roupa íntima gospel e eu, uma vez que não tinha outra roupa na mochila, fui pra cama só de cuecão gospel mesmo. Só então é que reparei em uma tatuagem gospel que ela tinha na virilha, muito louca.
De madrugada acordei e vomitei um pouco, o que, despertou-a . Então ligamos o chuveiro e tomamos um banho gospel quentinho. Carícia gospel pra cá, carícia gospel pra lá, não preciso dizer que acabamos fazendo um "sexozinho" gospel novamente. Que delícia!

Adoro esse negócio de ser gospel. Coitados dos meus pais crentes e de meu irmão evangélico mais velho... na época deles não existia ainda esse estilo de vida gospel com total liberdade. Faço o que quero, sem problemas, afinal se é gospel pode!

De fim-de-semana, enquanto meus pais vão na igreja, eu vou pegar onda gospel, ou vou pro "louvorzão" e aos points gospel zoar e azarar com meus gospel friends. Cada um na sua!

Minha mina é gospel, meus programas, o que compro, o que consumo, tudo é gospel, logo, não estou pecando certo? Afinal de contas eu sou jovem e tenho que aproveitar a vida!

Ei mano! Estou falando contigo!

Não vai responder?

Falô, falô!

Paz e amor brother!

[ ]´s

Leonardo,



Fonte> http://ismaelmoura.blogspot.com.br
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Não converse com SERPENTES!




Lendo a bíblia  Gênesis capítulo 3 para fazer minha devocional diária deparei com um diálogo no minimo inusitado, uma mulher e uma serpente conversando, maior “papo cabeça.”
Eva a mulher que o criador fez para Adão, no seu passeio diário pelo Paraíso dialoga com uma serpente e ainda dá ouvidos as astutas argumentações da maldita. Veja o diálogo abaixo:

“Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos,
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais.Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis.
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” (Gênesis 3.1-5)


Muitos dos cristãos estão conversando, dando ouvidos a “SERPENTE” e nem se apercebem disso.  Quantos estão trocando a voz de Deus pela voz da serpente!
2 Coríntios 11 . 3 "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo". Não é o que está acontecendo?
Quantos estão deixando as palavras de Cristo para fazer o que bem entende;  muitos não estão dispostos a produzir um caráter de Cristo para cada dia se parecer mais com Jesus.
Logo no começo da Bíblia encontramos a serpente sendo tomada por Satanás e amaldiçoada por Deus.  A senhora Eva  dialogou, escutou,  caiu na lábia da astuta serpente e arrastou o marido para mesma armadilha. “a mulher sábia edifica, mas a tola destrói ..”(esse é assunto para outro estudo) "Então o Senhor Deus disse à serpente: Portanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera; e mais do que os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade, entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente, esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Gênesis 3.14-15.

Amados não deis ouvidos a serpente, seus conselhos te levarão a caminhos de morte. Não se engane, o objetivo da serpente é te afastar da voz de Deus. Sempre ouvi a frase “o mundo não tem nada a oferecer”, mentira, o mundo te oferece  aparentemente sempre  o melhor, mas a consequência é perder a tua alma. A serpente te oferecerá lucros, ganhos, relacionamentos dos “sonhos”, status, etc.  “Você acha que Eva trocaria o Éden por “bananas”? Não ela acreditou que poderia  ser como Deus.”  Veja a conversa da serpente para cima da Senhora Eva: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gênesis 3.5

Sempre tem alguém querendo ser igual a Deus, iniciou-se esse desejo com Lúcifer e por aí foi se espalhando a síndrome de Lúcifer  tem pastor, lideres, chefes, médicos, cientistas, etc. Tudo com a mesma síndrome( mas este assunto é para outro estudo).
O preço que Eva pagou foi muito caro, perdeu a comunhão com Deus. Não perda sua comunhão com o Senhor. Fique atento ao tipo de conversa que você dá ouvidos!

Não converse com Serpente, siga o exemplo de Jesus Cristo.  “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus...”Filipenses 2.5-6

Deus os abençoe e os guarde da SERPENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Retirado do Blog:


obs: Visitem este blog muito bom
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

David Brainerd (1718-1747)


David Brainerd nasceu a 20 de abril de 1718, no estado de Connecticut, nos Estados Unidos da América. Seu pai se chamava Ezequias Brainerd, um advogado, e sua mãe, Dorothy Hobart, era filha do Pr. Jeremias Hobart. David foi o terceiro filho, de um total de cinco filhos e quatro filhas. Foi um menino de saúde muito frágil, que acabou sendo privado de uma vida social mais dinâmica com outros garotos de sua idade. Sempre teve uma natureza sóbria, e um espírito reservado. Em sua infância, embora preocupado com o destino de sua alma, não sabia o que era conversão. Seu pai morreu quando ele estava com apenas nove anos, e aos catorze anos ele perdeu também sua mãe. Tornou-se ainda mais tristonho e melancólico, e os valores religiosos que recebeu na infância começaram a declinar em sua juventude.

Entretanto, como fruto da obra preveniente da graça divina, Brainerd afastou-se de algumas companhias indesejáveis, e começou a dedicar tempo à oração individual. Começou a ler mais a Bíblia e formou com outros jovens um grupo para encontros dominicais. Começou a dedicar bastante atenção às pregações, e procurava aplicá-las à sua vida. Ainda assim, ele não conhecia a Cristo pessoalmente. Tornou-se ainda mais zeloso no terreno da religiosidade, e sentiu a convicção e o peso do pecado, adquirindo o mais agudo senso do perigo e da ira de Deus. Contudo, suas esperanças ainda não estavam depositadas na justiça de Cristo, mas em si mesmo. Finalmente, o Espírito de Deus o conduziu à fé em Cristo, e ele passou a experimentar o descanso de uma vida justificada, e a ação do poder de Deus em uma Novidade de Vida. Tinha vinte e um anos.
Dois meses depois de sua conversão, Brainerd ingressou na Universidade de Yale. Mesmo num contexto de algumas pressões, ele dedicou bom tempo à comunhão a sós com Deus. As enfermidades, muitas vezes, atrapalhavam seus estudos. Num momento particularmente difícil, ele contraiu tuberculose e expelia sangue pela boca. Ainda assim, ele trabalhou intensamente e obteve distinção como estudante. Porém, quando estava em seu terceiro ano de universidade, teve de deixar a escola devido a uma circunstância bastante delicada. Isso significou um grande desapontamento para ele, pois, mais tarde, no dia em que os outros colavam grau, Brainerd escreveu em seu diário: “Neste dia eu deveria receber meu diploma, mas Deus achou conveniente negar-me isso”.

Foi justamente nesse período que se acentuaram suas preocupações com as almas perdidas. Ele começou a pensar profundamente sobre as pessoas que nunca tinham ouvido falar de Cristo. Chamou-lhe particular atenção a triste condição dos índios norte-americanos. Não havia muitos missionários trabalhando entre eles. Brainerd começou a colocar em prática o seu amor pelos índios, obtendo maiores informações sobre sua realidade e orando freqüentemente por eles. O desejo de levar o Evangelho aos índios foi crescendo em seu coração.

A ocasião surgiu em que Brainerd pôde apresentar-se como missionário aos índios. Sua saúde precária era um fator de preocupação, tendo em vista as condições inóspitas e difíceis que enfrentaria. Seus amigos lhe diziam: “Se Deus quer que você vá, Ele lhe dará forças”. Quando tinha vinte e quatro anos, ele escreveu em seu diário: “Quero esgotar minha vida neste serviço, para a glória de Deus”. No ano seguinte, começou a dedicar sua vida pregando aos índios nas florestas solitárias e frias. Vendeu seus livros e roupas que não usaria, e começou a vida bastante isolada e marcada por uma trajetória de auto-sacrifício e sofrimento. Mas Deus o abençoou ricamente. Como um “grão de trigo que morre ao cair na terra”, Brainerd não ficou só; a morte deste “grão de trigo” produziu muito fruto - tendo tido o privilégio de visitar alguns lugares relacionados à vida de Brainerd, inclusive o local em que ele primeiramente pregou aos índios, fiquei pessoalmente impressionado com o seu caráter e renúncia, fruto da poderosa graça de Deus em sua vida. Freqüentemente, Brainerd ficou exposto ao frio e à fome. Não podia ter o conforto da vida normal. Viajava a pé ou cavalgando por longas distâncias, dia e noite. As viagens eram sempre perigosas. Para atingir algumas tribos distantes, devia passar por montanhas íngremes na escuridão da noite. Atravessou pântanos perigosos, rios de forte correnteza, ou florestas infestadas de animais selvagens. Tinha de viajar quinze a vinte e cinco quilômetros para comprar pão, e, às vezes, antes de comê-lo, o pão estava azedo ou mofado. Dormia sobre um monte de palha que estendia sobre tábuas erguidas um pouco acima do chão. Em muitos momentos estava só, e ficava feliz quando podia contar com seu intérprete para conversar. Não tinha companheiros cristãos com quem pudesse dividir o fardo em momentos de comunhão e oração. “Não tenho nenhum conforto, a não ser o que me vem de Deus”, escreveu ele.

Seu ministério tornou-se bem amplo, alcançando índios nos estados norte-americanos de Nova Iorque, Nova Jersey, e ao leste da Pensilvânia. Havendo encontrado os índios em meio a muitas superstições, e recebendo muitas vezes os efeitos da fúria de seus sacerdotes, Brainerd pôde declarar o poder de Deus acima de todos os deuses. Apesar de todas as dificuldades, era movido por um intenso desejo de contemplar a salvação dos índios. Com isto em vista, aliou, por muitas vezes, o jejum à oração. “Não importa onde ou como vivi, ou por que dificuldades passei, contanto que tenha, desta maneira, conquistado almas para Cristo”, escreveu ele. Boa parte de seu trabalho era feito em lutas físicas, especialmente tendo em vista sua saúde sempre precária, e , como escreveu Edwards, “sua própria constituição e temperamento natural, muito inclinado para a melancolia” – e sobre isto, acrescenta Edwards, “ele excedeu a todas as pessoas melancólicas que conheci”.

O fato é que Deus honrou sobremaneira o ministério de Brainerd. O Espírito de Deus desceu poderosamente sobre os índios, num grande avivamento que afetou tribos inteiras. Por volta de 1745, mesmo os índios que viviam de forma impiedosa, opondo-se à pregação do Evangelho, se convenceram do pecado. Vários se converteram. Muitos brancos, que apareciam por curiosidade para ouvir o que Brainerd dizia aos índios, também foram convertidos. Índios de toda floresta ouviram falar de Brainerd e vinham em grande número ouvi-lo. Era muito comum ouvir os altos brados dos índios pela misericórdia de Deus, toda vez que Brainerd pregava. Seu ministério influenciou também as crianças índias. Ele criou escolas em que elas eram ensinadas a lavrar a terra e a semear, além de receberem os ensinos do Evangelho de Cristo.

Ao escolher o trabalho nas florestas úmidas, Brainerd sabia que não poderia esperar viver muito. Ele assistiu seu corpo definhar, pouco a pouco. Aos vinte e nove anos, foi colocado em seu leito de morte, sofrendo terrível agonia e dor física. Testemunhou de Cristo em seus momentos finais, e anelava por encontrar-se com o Senhor. Ele faleceu em 09 de outubro de 1747, tendo sido sepultado em Northampton, Massachusetts. Jonathan Edwards conduziu o funeral. Foi uma vida curta, mas que glorificou a Deus grandemente.
Edwards, que o conheceu muito bem, podia dizer de Brainerd:

(...) dotado de um gênio penetrante, de pensamento claro, de raciocínio lógico e de julgamento muito exato, como era patente para todos que o conheciam. Possuidor de grande discernimento da natureza humana, perscrutador e judicioso em geral, ele também sobressaía em juízo e conhecimento teológico, e, sobretudo, na religião experimental.
Num artigo em 2001, eu escrevi:

David Brainerd é um exemplo de alguém que resolveu colocar sua vida no altar (...) As privações, o trabalho incansável, as intempéries consumiram o seu vigor. Uma prolongada enfermidade ceifou sua vida. Devido à sua fragilidade física e aos rigores do campo missionário, ele contraiu tuberculose. Brainerd calculou o preço do seguir a Cristo e deliberadamente fez uma escolha que significava separar-se do mundo civilizado, com suas vantagens, e associar-se à dureza, ao trabalho e, possivelmente, a uma morte prematura e solitária. Entretanto, homens como William Carey, Henry Martyn, Robert Mürray McCheyne, John Wesley, Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Oswald Smith, Jim Elliot, citando apenas alguns, testemunharam a grande influência da biografia de Brainerd em suas vidas. Um biógrafo de Brainerd diz que ele “foi como uma vela que, na medida em que se consumia, transmitia luz àqueles que estavam em trevas”.
Algo muito importante que Brainerd fez foi escrever um diário, no qual registrou as experiências que lhe surgiram. Neste diário, editado por Jonathan Edwards, Brainerd faz uma breve explanação de sua infância e juventude, e começa a narrar-nos os fatos, escrevendo periodicamente a partir de 18 de outubro de 1840. Ainda que Brainerd tenha lutado quase que “invencivelmente” contra a publicação de qualquer porção de seu diário, este, publicado depois de sua morte, tem sido um instrumento de Deus para influenciar a vida de muitas pessoas. O Diário de David Brainerd foi publicado em português pela Editora FIEL, em 1993.

FONTE; http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=205



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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Uma Visão realista sobre a crise na Somália

Presidente internacional de Médicos Sem Fronteiras, Dr. Unni Karunakara, publica artigo sobre a crise na Somália e lembra das causas humanas para a fome na região

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Doutor Unni Karunakara, presidente internacional de MSF, visita o hospital de MSF em Galcayo, cidade da Somália 

5 de setembro de 2011 - A emergência atual na Somália e nos países vizinhos está sendo descrita por muitas organizações de ajuda humanitária e pela mídia em termos simplistas, como "fome no Chifre da África" ou "pior seca dos últimos 60 anos". Mas culpar apenas causas naturais é ignorar a complexa realidade geopolítica que contribui para essa situação e sugerir que a solução para tais problemas se resume apenas a arrecadar fundos e enviar alimentos para o Chifre da África. Infelizmente, esconder as causas humanas para a fome na região e as dificuldades na resposta à crise não vão ajudar a resolver os problemas.

Acabo de retornar do Quênia e da Somália e o que eu e meus colegas de Médicos Sem Fronteiras (MSF) vimos naqueles países foi uma situação profundamente perturbadora. Em Mogadíscio, conheci uma jovem da região de Lower Shebelle, no sul do país, que agora vive em um dos acampamentos improvisados que se multiplicam pela cidade. Ela deixou sua casa com o marido e seus sete filhos após uma colheita muito ruim, e porque não tinha dinheiro para comprar água e alimentos. Durante sua jornada, ela teve que deixar seu marido e três de seus filhos para trás, pois eles estavam muito fracos para completar a viagem de cinco dias até a capital. É triste perceber que a história dela reflete a de outras milhares de famílias nas regiões central e sul da Somália, que foram devastadas por anos de conflito e que chegaram ao seu limite com a seca.

A desnutrição é crônica em muitas áreas do Chifre da África, e é preciso que haja um esforço internacional de longo prazo para garantir que alimentos cheguem às pessoas que mais precisam deles. Hoje, no entanto, as necessidades mais urgentes estão concentradas nas regiões central e sul da Somália. E mesmo não conhecendo o panorama em todo o país, nós sabemos que a situação é crítica devido à enorme quantidade de somalis que chegam, fracos e exaustos, na capital, Mogadíscio, e em acampamentos no Quênia e na Somália.

As colheitas fracas exacerbaram uma situação que já era catastrófica. A Somália é o palco de uma guerra brutal entre o Governo de Transição, que recebe o apoio das nações ocidentais e é guardado pelas tropas da União Africana, e grupos armados de oposição, com destaque para o Al-Shabaab. Em um cenário político fracassado, essa guerra, combinada com as mortíferas rivalidades de diversos clãs no país, impediu que a ajuda humanitária internacional independente chegasse a várias comunidades. A população somali está encurralada, no meio de múltiplas forças que, seja por motivos políticos ou para enfraquecer seus oponentes, privam as pessoas de receber assistência. O acesso a cuidados de saúde é praticamente inexistente em grande parte do país. 

Em meio a esse cenário, onde muitos interesses estão em jogo, é difícil para uma organização de ajuda médico-humanitária como MSF expandir a oferta de cuidados de saúde e realizar ações de impacto. MSF está trabalhando na Somália há duas décadas e tem projetos em nove locais, que estão sob domínio de diferentes lados do conflito – Governo de Transição e Al-Shabaab. Nós estamos fazendo o máximo possível para aumentar nossa presença no país e responde às crescentes necessidades. Já existem mais de 8 mil crianças com desnutrição aguda em nossos programas nutricionais no país, e muitas delas não estão sofrendo apenas de desnutrição. As quatro crianças que saíram de Lower Shebelle que conheci também estão com sarampo, além de desnutridas. Elas vivem com a mãe e com milhares de deslocados em acampamentos superlotados, sem condições sanitárias. Outras pessoas nesses campos reclamam de infecções nos olhos e na pele, e há ainda aquelas que estão fracas demais até para procurar alimentos ou cuidados médicos. 

Em campos de refugiados no Quênia e na Etiópia, nós conseguimos oferecer ajuda médica e nutricional para dezenas de milhares de pessoas. Mas expandir as nossas atividades na Somália é um processo lento e difícil. MSF é constantemente forçada a fazer duras escolhas na hora de implementar ou aumentar suas atividades no país. E se não pudermos fazer avaliações independentes e oferecer assistência em áreas que acreditamos que estão mais afetadas, não seremos capazes de prevenir as piores conseqüências desta emergência. 

A ajuda humanitária é vista no país, por todas as partes em conflito, como uma oportunidade ou uma ameaça. Em áreas consideradas como o centro desta crise, o Al-Shabaab, que já suspeita de interesses ocidentais no país, decretou a proibição da entrada de equipes internacionais, do envio aéreo de materiais e suprimentos médicos e da realização de campanhas de vacinação. Nem mesmo a suspensão temporária das restrições aos Estados Unidos na oferta de ajuda em certas áreas controladas pelo Al-Shabaab deve melhorar o acesso a cuidados de saúde. Em outros locais, a necessidade de conduzir intermináveis negociações para realizar procedimentos simples, como contratar uma enfermeira ou alugar um carro, toma grande parte de um tempo precioso, que poderia estar sendo empregado na resposta rápida que o país precisa.

A realidade da oferta de ajuda humanitária na Somália é a pior possível. Nossas equipes correm constantemente o risco de levarem tiros ou serem raptados enquanto tentam dar assistência médica fundamental para a população no país. Apesar de nossas constantes negociações com todas as partes do conflito para ganhar acesso a novas regiões, nós talvez tenhamos que nos conformar com a triste realidade de que não conseguiremos chegar até as comunidades que mais precisam de ajuda. Ou que teremos que comprometer parcialmente nossa independência quando finalmente conseguirmos chegar a elas. A menos que todas as partes envolvidas no conflito removam as barreiras que estão separando organizações que podem salvar vidas das pessoas que dependem delas para sua sobrevivência, milhares de pessoas continuarão morrendo por causas que poderiam ter sido evitadas.

Dr. Unni Karunakara

Presidente Internacional da organização Médicos Sem Fronteiras
Este artigo foi publicado pela primeira vez no jornal The Guardian. Leia aqui o artigo original, em inglês




Fonte>http://www.msf.org.br/noticias/1321/uma-visao-realista-sobre-a-crise-na-somalia/
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Crise de fome na Somália

Por Katy MigiroNAIRÓBI (Reuters) - 
A Organização das Nações Unidas declarou estado de fome em duas regiões no sul da Somália nesta quarta-feira e disse que a condição se espalhará rapidamente a menos que doadores tomem medidas.Mark Bowden, coordenador humanitário para a Somália, disse que o sul de Bakool e o Baixo Shabelle haviam sido atingidos pela pior fome na região em 20 anos.A ONU está propondo "medidas excepcionais" para fornecer "ajuda humanitária em dinheiro" enquanto encontra uma forma de arrecadar volumes maiores de ajuda em alimentos para o sul da Somália, disse Bowden. A ONU também está pedindo 300 milhões de dólares durante os próximos dois meses para a Somália."Se não agirmos agora, a fome irá se espalhar para todas as oito regiões do sul da Somália em dois meses, devido à colheita precária e aos surtos de doenças infecciosas", disse Bowden."Cada dia de atraso em assistência é literalmente uma questão de vida ou morte para crianças e suas famílias nas áreas afetadas pela fome."Segundo a ONU, 3,7 milhões de pessoas na Somália, o equivalente a quase metade da população, está agora em risco. Dessas, 2,8 milhões estão no sul do país, localizado no Chifre da África e assolado por guerras.Nas regiões mais duramente atingidas, metade das crianças estão subnutridas."É provável que dezenas de milhares já morreram, a maioria delas, crianças", disse Bowden.Anos de secas, que também atingiram o Quênia e a Etiópia, prejudicaram a colheita e conflitos tornaram extremamente difíceis para as agências operarem e acessarem as comunidades no sul do país.O sul é controlado por insurgentes islâmicos do Al Shabaab, filiado à Al Qaeda, que estão lutando para derrubar o governo apoiado pelo Ocidente. O grupo também controla parte da capital Mogadíscio e o centro da Somália.No começo de julho, rebeldes suspenderam uma proibição à ajuda alimentar que segundo eles, criava uma dependência. Alguns analistas acreditam que eles estão permitindo a entrada de ajuda porque temem pelo respaldo público se não o fizerem. Outros acreditam que os rebeldes querem subornos.


Fonte > http://extra.globo.com


A seguir, fotos tiradas no dia 26 de julho deste ano. Nesta, mulher segura filho desnutrido em hospital de Mogadishu, na Somália

A seguir, fotos tiradas no dia 26 de julho deste ano. Nesta, mulher segura filho desnutrido em hospital de Mogadishu, na Somália 




A criança chora enquanto espera pelo atendimento

A criança chora enquanto espera pelo atendimento 


A situação da Somália é crítica. A ONU enviou, nesta segunda-feira, ajuda humanitária ao país


A situação da Somália é crítica. A ONU enviou, nesta segunda-feira, ajuda humanitária ao país

Em julho, a entidade declarou estado de crise de fome em duas regiões do país

Em julho, a entidade declarou estado de crise de fome em duas regiões do país


Mães e filhos esperam por atendimento em hospital, que está em situação precária e mal consegue atender aos pacientes

Mães e filhos esperam por atendimento em hospital, que está em situação precária e mal consegue atender aos pacientes


A crise de fome afeta mais de 11 milhões de pessoas na Somália

A crise de fome afeta mais de 11 milhões de pessoas na Somália 

A situação é agravada pela seca e pelo conflito político no país

A situação é agravada pela seca e pelo conflito político no país 

Pela primeira vez em cinco anos, a ONU enviou ajuda de emergência para a capital da Somália, Mogadíscio

Pela primeira vez em cinco anos, a ONU enviou ajuda de emergência para a capital da Somália, Mogadíscio 


Ao todo, 34 toneladas de suprimentos foi enviado ao país. Na foto tirada nesta segunda-feira, criança chora no hospital

Ao todo, 34 toneladas de suprimentos foi enviado ao país. Na foto tirada nesta segunda-feira, criança chora no hospital

A medida só foi possível depois que militantes islâmicos do al-Shabab deixaram a capital após confronto. A seguir, fotos tiradas no domingo passado.

A medida só foi possível depois que militantes islâmicos do al-Shabab deixaram a capital após confronto. A seguir, fotos tiradas no domingo passado

Menina de seis meses sofre de desnutrição

Menina de seis meses sofre de desnutrição

A ala de pediatria do Hospital de Banadir está lotada

A ala de pediatria do Hospital de Banadir está lotada 


Criança carrega irmã no colo na fila por alimentos em Mogadishu

Criança carrega irmã no colo na fila por alimentos em Mogadishu

Refugiados em abrigo improvisado na capital da Somália

Refugiados em abrigo improvisado na capital da Somália

Fotos retiradas do site> http://extra.globo.com
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