Pelo menos sete LOJAS e mercados da capital do Mato Grosso do Sul negaram emprego para a estudante de 20 anos
Em Campo Grande (MS) quem veste saia comprida pode ter problemas para conseguir um emprego, pelo menos é essa a declaração feita por uma jovem evangélica que não foi contratada em sete empresas da cidade entre LOJAS e mercados.
A mulher de 20 anos pediu para não ser identificada ao site Campo Grande News, mas apesar do anonimato na imprensa ela apresentou uma denúncia na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e marcou uma audiência no Ministério do Trabalho.
“As pessoas pegavam meu currículo e me olhavam de cima a baixo e perguntavam: você pode usar calça? Eu respondia que não por conta da minha religião. Então diziam que eu não poderia trabalhar porque não era o padrão”, diz a jovem.
Uma empresa até ofereceu trabalho para a jovem, mas no final do dia a gerente a demitiu por ela não ter usado a calça do uniforme. “No dia seguinte, quando fui buscar meu acerto, citei para a mesma gerente a constituição, onde nela está garantido meu direito no artigo 5º inciso sexto e oitavo, e ela me respondeu da seguinte forma: ‘eu sou formada em direito e administração e conheço muito bem a constituição, só que eu não posso fazer nada’ e ainda falou que eu estava faltando com respeito”.
Neste episódio a jovem estudante disse que se sentiu constrangida, pois tudo aconteceu diante de colegas e clientes que estavam no local. “Foi constrangedor. Todos ficaram olhando”, conta.
Usar saia não é o único motivo para que evangélicos sejam rejeitados em processos seletivos. Fiéis da Igreja Adventista do Sétimo Dia também enfrentam dificuldades para encontrar emprego em Campo Grande.
A secretária Lady Rodrigues, 32 anos, relatou ao Campo Grande News que já foi vítima de constrangimento e teve muitas portas fechadas.
“Era uma LOJA no comércio, foi mais ou menos em 2008. Tentei arrumar alguns empregos e infelizmente não conseguia não por falta de experiência, mas pela questão do sábado. O dono explicou que precisaria de alguém que estivesse no sábado e que por esse motivo ele não poderia me contratar. Você se sente constrangido e desvalorizado e acaba ficando desanimado, porque você pensa que não vai conseguir se colocar no mercado de trabalho”, diz.
Além dos empresários, os empregados das empresas também não entendem e não respeitam quem guarda o sábado. “Eles ficam chateados porque trabalham em um horário x e eu não. Acaba pesando. Nós tentamos explicar que a gente não fica em casa descansando, a gente procura estar em comunhão com Deus, que é na igreja, fazendo atividades sociais. A gente usa o sábado para ajudar o próximo”, conta.
Exceções
Se para Lady Rodrigues não poder trabalhar no sábado foi um problema, para a vendedora Luciene Feitosa, 28 anos, foi um dos fatores que a fizeram GANHAR a vaga em uma LOJA no shopping.
“O dono da loja me surpreendeu. Ele disse que precisava de gente que trabalhasse aos domingos, dia em que ninguém quer trabalhar”, conta.
Luciene folga todos os sábados e durante as sextas entra mais cedo para poder sair antes do por do sol. “Como todos têm direito a uma folga por semana, a minha rigorosamente é sábado. Não tem como mudar”.
A funcionária deixa claro que o dono da LOJA nunca teve preconceito com sua religião. “O contratante nunca teve nenhum tipo de preconceito. Ele está aberto a negociação, a ver em que pode ajudar nessas possibilidades dele”.
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